domingo, 11 de dezembro de 2011

NINGUÉM CHORA POR ELE.


A imagem completa quatro anos e é chocante. E a minha intenção é exatamente esta: Chocar, chacoalhar, tentar cavar indignação na frieza comum da hipocrisia reinante. Quem está no chão, agonizando para morrer é o soldado Wilson Santana, 28 anos, do Batalhão de Operações Policiais Especiais(BOPE), do Rio de Janeiro.
Esta fotografia foi pouco publicada na época e nenhum órgão de imprensa ou de direitos humanos expressou sentimento que fosse pelo soldado que ganhava R$ 1.500,00 por mês para trocar tiros com traficantes.
O soldado Wilson era o ponta de sua equipe.

O ponta numa equipe do Bope ocupa uma missão arriscada, embora receba treinamentos que tornaram o batalhão a melhor tropa de combate urbano do planeta. O ponta abre caminho, indica por onde seguir. Orienta os companheiros que vêm atrás.

O soldado Wilson, em 2007, desceu do blindado e começou a progredir por vielas, serpenteando entre tiros de fuzis comprados pelo dinheiro de quem consome cocaína e mora em apartamento de luxo. Foi na Vila Cruzeiro, na Penha.

Ao chegar em determinado ponto, localizou uma repórter de jornal detrás de uma laje sob fogo cerrado dos artilheiros do pó. Wilson correu, salvou a jornalista e, quando preparava-se para retomar o combate, levou um tiro de calibre 7.62 no estômago. Morreu entre a produção e finalização da fotografia.

O soldado Wilson está enterrado e esquecido no cemitério de Sulacap, onde são sepultados os policiais abatidos como pardais pelo crime. Havia guardado a foto de sua agonia e decidi publicar, numa vã tentativa de mostrar o quanto é injusta a divisão de renda e homenagens deste país.

Os matadores de Wilson foram localizados e, confrontados com seus colegas de farda preta, devidamente mortos. Como hoje eu quero chocar, repito, devidamente mortos. Pertenciam a uma farândola de pústulas irrecuperáveis, que queimam inimigos em pneus, estupram e trucidam inocentes que lhe contrariam regras sádicas.

Entidades de Direitos Humanos têm, digo agora na quilometragem de 23 anos de jornalismo, um ódio velado à polícia. É verdade e dou fé que existem bons e maus policiais. Corretos e incorretos jornalistas. Milicianos são chacais. Exterminadores, tão bandidos quanto os traficantes.

Mas os Direitos Humanos espalhados por ONGS subsidiadas ou não, só registram pesar quando tomba um marginal. É incrível a sorte dessa turma de não cair nas mãos de um assaltante ou latrocida. Latrocida é o que rouba e, não satisfeito, ainda assassina sua vítima, por prazer perverso.

A idade, a impaciência e a revolta já me excluem dos pregadores do discurso babaca de dicotomia ideológica: Direita e Esquerda. Meu pai foi preso político, barbaramente torturado por orangotangos a serviço da Repressão. Meu pai nunca assaltou, matou, fraudou. Pensava diferente. Foi aos porões.

Tenho nojo da Ditadura, seja ela de qualquer tendência ou ideologia ensovacada, a ideologia dos livros que os de “consciência social” carregam debaixo do braço para demonstrar erudição banguela. Ditadura é o câncer da civilização. Só quem sofreu seus efeitos, sabe o que significa. Eu sei.

Nem sou direitista, nem esquerdista, sou cidadão. Já tive pendões quixotescos, votei em Lula quando ele perdeu para Collor e não me arrependo. Como também não me arrependo de ter votado duas vezes em Fernando Henrique Cardoso. Contra Lula. E de novo em Lula e depois em Marina e Serra, um em cada turno.

Foi e é um direito constitucional meu. Tenho asco à patrulhamento, assembleísmo, licão de moral puritana, provocação panfletária, chavões de sindicato, de saudosistas do Golpe de 1964, do socialismo de palanque e individualismo de poder.

Também saco minha Parabellum municiada de indignação, para serviçais e militantes mantidos pelo dinheiro do contribuinte. E também tenho horror a quem só critica. Me cobro tanto que já acho que é obsessão. Tenho defeitos. Jamais indignidade.

Tenho direito de opinar e defendo a prática do bem. Criminoso de qualquer condição social é para ser banido e trancafiado por que o fato de ser pobre não é pretexto nem de ser rico, justificativa. Senão todos os pobres seriam traficantes e ricos, ladrões de dinheiro público. E não é assim. O maligno é placentário.

Então, depois de toda a comoção(justa), pela morte do cinegrafista da Bandeirantes, Gelson Domingos, também por um bandido, lembrei que havia, no arquivo, a foto do soldado Wilson.

Mostrá-la jamais denigre ou fere sua memória. Publicá-la significa deixar claro que ele também foi um ser humano, deixou viúva e órfãos. A diferença é que a sociedade civil organizada, neologismo do vazio dialético, nunca vai chorar por ele. Minha intenção foi de chocar. Sabendo que não conseguirei.

Colaborador: Capitão Gerardo

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