terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ciro vê crise ética no PT, comemora vitória do PSB e fala em aposentadoria

O ex-governador Ciro Gomes, coordenador da campanha de Roberto Cláudio, está entusiasmado com o PSB e vê crescimento da sigla na crise ética enfrentada pelo PT
Por: Luzenor de Oliveira
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, que teve papel determinante na campanha vitoriosa de Roberto Cláudio à Prefeitura de Fortaleza, em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, fez uma avaliação sobre o resultado das eleições municipais e foi lacônico: o PSB cresce com a crise ética do PT e acusa o partido do ex-presidente Lula de ser fisiológico e clientelista.
Concluído o processo das eleições municipais, Ciro volta ao passado, avalia ter sido um erro o PSB não disputar a Presidência da República em 2010 e, na sucessão em 2014, segue a linha do irmão Cid: por lealdade, o PSB deve apoiar à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Ciro avalia que, nos últimos 10 anos, o PT avançou, conquistou poder político, mas "tem frustrado muito o Brasil em determinados valores".
E, na entrevista à Folha de São Paulo, foi bem mais além: "Parte do PT também ficou fisiológica, clientelista", disse Ciro, para quem não será a "direita, muito menos o PSDB, que vai se apropriar da representação desses valores de decência, competência, compromisso de esquerda verdadeiro, não retórico".
Abaixo, confira a entrevista de Ciro Gomes ao Jornal Folha de São Paulo.

Ciro diz que PSB cresce na esteira da crise de valores do PT

Um dos principais nomes do PSB, o ex-ministro Ciro Gomes associa o crescimento de seu partido a uma crise de valores do PT.
Para ele, o avanço é "natural", considerando que o PT "tem frustrado muito o Brasil em determinados valores".
"Parte do PT também ficou fisiológica, clientelista", disse Ciro, para quem não será a "direita, muito menos o PSDB, que vai se apropriar da representação desses valores de decência, competência, compromisso de esquerda verdadeiro, não retórico".
Alan Marques - 6.out.2010/Folhapress
O ex-ministro Ciro Gomes, que remete o crescimento do seu PSB a uma crise no PT; partido conquistou 440 municípios
"Isso naturalmente o PSB, na medida em que vai militando, vai ganhando. Não é uma coisa hostil ao PT, mas é natural que isso vai acontecer", afirmou Ciro, em conversa com a Folha.
Ciro, contudo, diz não ver nesse cenário de crescimento municipal --o PSB tem agora cerca de 440 municípios, 40% a mais do que em 2008-- motivo para avaliar que o partido esteja forte no plano nacional para disputar a Presidência da República em condições de igualdade com outras siglas.
Ele dá o exemplo do PMDB, que em toda eleição municipal dos últimos tempos é o partido que mais elege prefeitos, mas não consegue concorrer à Presidência.
Para Ciro, o que credencia um partido a ter um projeto nacional solo são os resultados de suas gestões e o diálogo que deve ter com os setores da cultura, intelectuais e jovens --ponto "deserdado pelo PT", diz.
Quanto às gestões, ele disse que o partido está no bom caminho com seu irmão Cid Gomes, que governa o Ceará, com Eduardo Campos, que governa Pernambuco, e com o prefeito Marcio Lacerda, reeleito em Belo Horizonte.
Mas afirma ser pouco para pensar em voo solo. "Para administrar o país está longe", afirmou ele --apesar de considerar que o PSB tem potenciais candidatos "prontos" para essa missão presidencial, como Eduardo Campos.

ERRO

Ciro disse que o PSB errou em não disputar a Presidência em 2010, quando havia uma transição e que a candidatura Dilma Rousseff era uma "aposta temerária".
Aora que considera que o governo Dilma "deu certo, graças a Deus", avalia que o PSB deve apoiar a reeleição da presidente por "decência e lealdade", senão terá que ter uma boa justificativa para sair do governo.
Se tivesse concorrido em 2010, ele acha que o PSB poderia estar em melhor situação hoje. "A gente [PSB] poderia ter participado com a chance de ganhar ou no mínimo um terceiro lugar relevante, que acabou sendo galvanizado pela Marina [Silva, então no PV], que despolitizou esse voto".
Ele acrescentou: "A classe média, essa que valoriza a ética, a decência, que está procurando projeto para o país, que estava votando comigo, ela [Marina] despolitizou esse grande movimento", afirmou.
Ciro disse que o PSB poderia ter "forçado uma inflexão mais à esquerda" --dando outra opção para a presidente Dilma governar além do PT-PMDB.

AÉCIO

Ex-ministro do governo Lula, Ciro diz não considerar que PSB e PSDB estejam se aproximando. "Não tem nada, essa é uma eleição municipal", disse.
Ele não enxerga ainda mudanças no PSDB e disse que o senador tucano Aécio Neves (MG) "tem debilidades que estão se revelando agora muito graves nessa experiência dele em Brasília".
"O Aécio não projeta uma compreensão do país. Eu gosto muito dele, sou muito amigo dele. O antagonismo do Aécio não é de valores, assim na minha mente. Poderia ser, porque ele representa coisas muito melhores do que o PSDB de São Paulo representa. Ele parece querer conciliar com isso. Então vai explicar essa contradição, o país não vai voltar. O PT só perderá [a eleição de 2014] se alguma coisa muito melhor aparecer. Não existe hoje ainda", disse.
Ciro acaba de atuar como coordenador político da campanha vitoriosa do PSB contra o PT em Fortaleza. Ele tem dito que agora vai se "aposentar".

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