Após passar mais de 1h no Instituto Médico Legal (IML), o agricultor
Nestor Pinheiro, de 48 anos, pai de José Leandro Pinheiro, de 21,
estudante morto a facadas em uma república
na Zona Sul do Rio de Janeiro, declarou nesta sexta-feira (26) que o
grande desejo do filho era ser professor universitário de matemática."O
sonho dele acabou", disse Nestor. "Era um sonho que todo pai quer ver",
completou.
Ele e a irmã, Alessandra Pinheiro, chegaram do Ceará por volta das 6h
ao Rio de Janeiro. O corpo de José Leandro será removido para a sua
cidade natal, de Deputado Irapuan Pinheiro, neste sábado (27).
O suspeito de matar o jovem, o estudante Bruno Eusébio dos Santos, de
26 anos, está preso na Divisão de Homicídios (DH). Os pais dele chegaram
pela manhã na delegacia e, por volta das 13h, continuavam no local.
"Sobre o Bruno ele nunca comentou nada. Ele se dava bem com todos lá,
todo mundo era muito amigo. Ele só se concentrava, para ele nunca esteve
nada ruim, só tinha alegria. É um abalo muito grande, a gente pede
conformação a Deus. O sonho dele era se enfiar nos estudos e ser
professor de faculdade. Ele ganhou vários prêmios", disse Nestor.
“Ele sempre falava que todo mundo convivia muito bem. A família não faz
ideia do que motivou, do que aconteceu”, afirmou Alessandra, tia do
estudante. “Ele ligava toda semana, inclusive na ultima terça ele ligou e
estava muito feliz, porque comprou as passagens para passar as festas
de fim de ano com a gente, com a família”, lamentou ela.
Entenda o caso
Bruno e José Leandro estudavam no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e dividiam uma república no Horto, na Zona Sul. O crime ocorreu na madrugada de quinta-feira (25). As causas do crime ainda estão sendo investigadas, segundo a polícia.
Bruno e José Leandro estudavam no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e dividiam uma república no Horto, na Zona Sul. O crime ocorreu na madrugada de quinta-feira (25). As causas do crime ainda estão sendo investigadas, segundo a polícia.
Segundo Alessandra Pinheiro, o jovem era muito respeitador e vivia
apenas para os estudos."Ele era um jovem doce, carinhoso, não tinha
vício em drogas
nem em bebidas. A vida dele era completamente voltada para os estudos.
Estamos tentando ser fortes na medida do possível", relatou Alessandra,
que está hospedada em um hotel no Rio.
Na quinta-feira, o delegado Rivaldo Barbosa, responsável pela investigação,
pediu a prisão em flagrante de Bruno após ouvir dez testemunhas - sete
colegas da vtima, além da zeladora, o caseiro da república e um
funcionário do Impa. Outro fator determinante para a decisão foi a
perícia preliminar dos instrumentos utilizados na morte, uma pedra e uma
faca.
“Somente eles dois estavam presentes, então nós chegamos à conclusão de
que somente o Bruno Eusébio dos Santos poderia fazer o que fez”, disse o
delegado, que acrescentou ainda que a morte pode ter sido premeditada:
"Só teria acesso a essa pedra as pessoas que efetivamente conheciam o
local. Porque, na verdade, essa pedra era utilizada anteriormente lá
embaixo [na república] e a pedra foi levada até o quarto e utilizada
como bastão para atingir a cabeça da vítima", completou.
Suspeito se manteve calado na delegaciaBruno é natural de Malhador, no Sergipe. De acordo com o delegado, ele chegou por volta de 1h à DH e não falou absolutamente nada.
Suspeito se manteve calado na delegaciaBruno é natural de Malhador, no Sergipe. De acordo com o delegado, ele chegou por volta de 1h à DH e não falou absolutamente nada.
"Eles está em um estado profundo de distanciamento social. Ele não
falou absolutamente nada, entretanto, ele leu todo o documento
atenciosamente e assinou. Mas a gente já fez a primeira avaliação com os
psicólogose agora, durante o dia, nós ouviremos outras pessoas, como
tentaremos um outro contato com ele para ver se ele expressa ou diz
principalmente a motivação do crime", explicou Rivaldo.
O delegado informou ainda que Bruno passou a madrugada com um policial ao lado para garantir a sua integridade física e corporal.
O delegado informou ainda que Bruno passou a madrugada com um policial ao lado para garantir a sua integridade física e corporal.
Autor estaria 'fora do normal'
Após o crime, o suspeito foi encontrado desacordado na cozinha do imóvel que dividiam. O cômodo estava com várias manchas de sangue. Ele foi levado para o Hospital Miguel Couto, onde recebeu alta no fim da noite de quinta e foi encaminhado para a delegacia.
Após o crime, o suspeito foi encontrado desacordado na cozinha do imóvel que dividiam. O cômodo estava com várias manchas de sangue. Ele foi levado para o Hospital Miguel Couto, onde recebeu alta no fim da noite de quinta e foi encaminhado para a delegacia.
Na quinta, o delegado havia dito que Bruno foi encontrado em um estado
"fora do normal". "Não sei se efetivamente em função de remédios ou de
alguma substância que ele tenha ingerido", informou.
No quarto que os dois estudantes dividiam não foram encontradas drogas ou álcool, como informou o delegado. Entretanto, foram encontrados dois frascos de medicação. "Vamos ver que substâncias possuem estes remédios. Ao que parecem são tranquilizantes", declarou.
No quarto que os dois estudantes dividiam não foram encontradas drogas ou álcool, como informou o delegado. Entretanto, foram encontrados dois frascos de medicação. "Vamos ver que substâncias possuem estes remédios. Ao que parecem são tranquilizantes", declarou.
Ainda de acordo com Rivaldo Barbosa, não há sinal de luta corporal no local.
José Leandro Pinheiro foi morto com um golpe de uma pedra na cabeça e
quatro golpes de facas na região do peito e da barriga. Duas facas sujas
de sangue foram encontradas na república. Ainda segundo o delegado,
também havia vestígios de sangue e tecido da vítima na pedra, que, de
acordo com policiais militares, tinha cerca de 30 cm de diâmetro.
Embora alguns vizinhos tenham declarado que havia uma festa na
república na noite desta quarta, os moradores negaram esta informação à
polícia.
Fonte: G1
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