segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Aumento da população causará falta de comida e combustível, adverte ONU

O mundo está ficando sem tempo para garantir que haja alimentos, água e energia para atender a demanda de uma população em rápido crescimento e evitar que três bilhões de pessoas sejam levadas à pobreza, advertiu um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (30).

Enquanto a população mundial parece preparada para crescer dos sete bilhões de hoje para quase 9 bilhões até 2040 e o número de consumidores de classe média aumentar em 3 bilhões nos próximos 20 anos, a demanda por recursos crescerá exponencialmente.
Mesmo para 2030, o mundo precisará de ao menos 50 por cento a mais de alimentos, 45 por cento a mais de energia e 30 por cento a mais de água, de acordo com as estimativas da ONU, em uma época em que o ambiente em modificação cria novos limites ao abastecimento.
Se o mundo fracassar em lidar com esses problemas, o risco é condenar três bilhões de pessoas à pobreza, afirmou o relatório.
Os esforços rumo ao desenvolvimento sustentável não são nem fortes nem profundos o suficiente e, além disso, falta vontade política, disse um painel da ONU voltado à sustentabilidade global.
“O atual modelo de desenvolvimento global é insustentável. Para alcançar a sustentabilidade, é necessária uma transformação na economia global”, diz o relatório.
“Fazer remendos nas margens não será suficiente. A atual crise econômica global oferece uma oportunidade para reformas significativas.”
Embora o número de pessoas vivendo na pobreza absoluta tenha caído dos 46 por cento em 1990 para 27 por cento da população mundial e a economia global tenha crescido 75 por cento desde 1992, as mudanças no estilo de vida e nos hábitos do consumidor colocaram uma pressão crescente sobre os recursos naturais.
Há mais 20 milhões de pessoas desnutridas agora do que no ano 2000; 5,2 milhões de hectares de floresta são perdidos anualmente (uma área do tamanho da Costa Rica); 85 por cento de todos os estoques de pescaria estão super-explorados ou foram esgotados; e as emissões de dióxido de carbono subiram 38 por cento entre 1990 e 2009, o que aumenta o risco de elevação no nível das marés e de mais episódios de clima extremo.
O painel, que fez 56 recomendações para que o desenvolvimento sustentável seja incluído na política econômica o mais rápido possível, disse que é necessária uma “nova política econômica”.
“Vamos usar a próxima cúpula do Rio+20 para dar início a essa transição global rumo a um modelo de crescimento sustentável para o século 21 do qual o mundo precisa tanto”, disse Connie Hedegaard, a comissária da União Europeia para o clima, em resposta ao relatório, referindo-se a uma cúpula da ONU sobre desenvolvimento sustentável em junho no Brasil.
Ação
Entre as recomendações, o painel pede que os governos concordem com uma série de metas de desenvolvimento sustentável que complementariam as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio até 2015 e criariam uma estrutura para ação depois de 2015.
Eles devem trabalhar com organizações internacionais para criar uma “revolução perene”, que ao menos duplique a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o uso de recursos e evite mais perdas à biodiversidade, afirmou o relatório.
Os ecossistemas aquíferos e marinhos deverão ser administrados de maneira mais eficiente e deve haver acesso universal à energia sustentável até 2030.
Para tornar a economia mais sustentável, a precificação do carbono e dos recursos naturais deve ser estabelecida por meio de taxação, regulação ou esquemas de comercialização das emissões até 2020 e os subsídios ao combustível fóssil também devem acabar aos poucos até lá.
Os sistemas fiscais e de crédito dos países devem ser reformados para fornecer incentivos no longo prazo às práticas sustentáveis, assim como desincentivar as insustentáveis.
Os fundos de pensão públicos e de riqueza soberana, assim como os bancos de desenvolvimento e as agências de crédito para a exportação, devem adotar critérios de desenvolvimento sustentável a suas decisões de investimento, e as agências de controle do governo ou dos mercados de ações devem revisar as regulações para estimular o seu uso.
Os governos e cientistas também devem fortalecer a relação entre a política e a ciência ao examinar com regularidade a ciência por trás dos limites ambientais e a ONU deve considerar a possibilidade de nomear um conselheiro científico chefe ou um conselho para assessorar a organização, disse o relatório.

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