quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Irã intensifica alerta à marinha americana no Golfo


O Irã renovou, nesta quarta-feira (4), um alerta contra a presença da marinha dos Estados Unidos no Golfo rico em petróleo, reforçando uma ameaça que Washington interpretou como um sinal de fraqueza de Teerã.

"Já dissemos que a presença de forças de fora da região do Golfo Pérsico não é necessária, além de ser perigosa", declarou o ministro da Defesa Ahmad Vahidi, de acordo com o site de uma televisão estatal iraniana.

"A presença de longo prazo dos Estados Unidos na região aumenta a insegurança e a possibilidade de tensões e confrontos", disse o representante chefe das forças do Irã, Masoud Jazayeri, de acordo com o site da Guarda Revolucionária.

"Os Estados Unidos devem deixar a região", disse Jazayeri. Sobre a saída do porta-aviões USS John C. Stennis do Golfo na semana passada, ele declarou: "já que vocês partiram, não tentem retornar, para não serem responsáveis por problemas".

Os comentários repercutiram a advertência de terça-feira de que o Irã usaria "toda sua força" se um porta-aviões americano voltasse ao Golfo.

"Não temos a intenção de repetir o aviso; alertamos apenas uma vez", disse o comandante das forças armadas, o general de brigada Ataollah Salehi.

A Casa Branca desprezou, na terça-feira, o alerta, dizendo que "reflete uma posição de fraqueza" de Teerã para enfrentar sanções internacionais. O Departamento de Defesa insistiu que não vai alterar a mobilização de navios de guerra no Golfo.

O Irã concluiu, recentemente, dez dias de exercícios militares no estratégico Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo, realizados para demonstrar que o país é capaz de controlar esta via e de fechá-la, se necessário. Vinte por cento do petróleo mundial transitam pelo estreito.

Os acontecimentos fizeram o preço do petróleo aumentar, apesar da pequena queda registrada na quarta-feira. Para Nick Trevethan, um estrategista de commodities da ANZ Research in Asia, "as consequências de qualquer ação militar no Oriente Médio serão enormes. Um aumento vertiginoso dos preços do petróleo acabaria com qualquer recuperação nos EUA".

O Departamento de Defesa dos EUA declarou que vai continuar com o esquema de mobilização de seus 11 porta-aviões no Golfo para apoiar as operações militares na região e manter o estreito de Ormuz aberto.

Enquanto a situação fica cada dia mais tensa, o Irã enfrenta uma confusão em seu mercado doméstico. As casas de câmbio foram fechadas nesta quarta-feira, com os negociadores se recusando a cumprir uma ordem do Banco Central de fixar um teto artificial para o valor do dólar em relação ao rial iraniano.

As autoridades iranianas tentam fortalecer a moeda depois de uma queda recorde na segunda-feira, depois de os EUA emitirem sanções contra o Banco Central iraniano. O porta-voz do ministro das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, disse, contudo, que a volatilidade do rial "definitivamente nada tem a ver com as sanções".

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