quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Radialista iguatuense luta contra câncer na garganta
Diferentemente de todo destaque dado pela mídia no Brasil e no mundo, da descoberta do câncer na laringe do ex-presidente Lula, um outro brasileiro, este bem mais perto da gente, também luta contra a doença. O radialista Hugo Gouveia, 52, que se tornou conhecido no Centro-Sul pelo seu timbre grave e sua voz eloquente descobriu há cerca de seis meses que estava com a doença. Para Hugo, assim como Lula, os médicos atribuíram as mesmas causas que contribuíram para o surgimento da doença: cigarro e bebida. No caso do radialista, a bebida ele já havia renunciado há anos, mas era fumante inveterado. Provavelmente o cigarro tenha influenciado decisivamente para a evolução do câncer.
Os dois brasileiros empatam nas causas da doença e no tipo de câncer. Mas estão separados por enorme abismo, quando se trata da atenção da mídia e daqueles para os quais foi dispensada atenção, trabalho e dedicação. No caso do ex-presidente Lula, pelo status que alcançou ao longo de sua vida, as amizades que construiu e as economias que fez, certamente não terá nenhuma dificuldade em custear o tratamento. Para Hugo Gouveia, a situação é bem diferente. Mesmo estando recebendo o tratamento pelo SUS num hospital de Fortaleza, a família tem enfrentado batalhas tribais para garantir que o radialista receba toda a atenção que necessita até ficar curado.
No ar, um certo mal estar e indignação, pelo fato de o radialista não ter recebido, pelo menos os salários a que tem direito, cerca de R$ 4 mil reais, segundo informações da família, da empresa de comunicação onde trabalha, pela qual dedicou longos anos de sua vida. A voz que nunca calou nos microfones da emissora de rádio, agora afetada por um tumor, pelo menos por enquanto impossibilitada de propagar seu som pelo ar, clama por respeito, atenção e garantia de direitos, requisitos mínimos para um profissional que não acumulou riquezas materiais, mas tem consigo o maior patrimônio inerente ao ser humano: honradez, honestidade, respeito e carisma junto à população. Um dos profissionais do rádio mais queridos do povo. Uma das vozes mais populares e mais conhecidas. Um comunicador que já atravessa gerações e mesmo com o passar dos anos, castigado pelo tempo e com a expressão ligeiramente cansada das longas jornadas de trabalho, mas nunca perdeu seu bom humor, seu sentimento de apreço, solidariedade, amizade e companheirismo com aqueles que sempre estiveram à sua volta, incluindo famílias e colegas de trabalho.
Hugo Gouveia está bem. Encarou o tratamento com naturalidade, tem o apoio e a atenção da família, principalmente da esposa Tânia e dos filhos, e não desanima. O otimismo e sua autoestima têm sido importantes antídotos na batalha contra a doença. Claro, tudo isso associado à competência das equipes médicas.
Na manhã de ontem, 25, o radialista recebeu a equipe do jornal em sua residência, na rua principal do bairro Jardim Oásis, para onde se mudou há cerca de um ano e meio. Ele se mostrou de bom humor e disse que espera terminar logo o tratamento para voltar às atividades. Com relação àqueles que subestimam seu valor, ele confessa não guardar mágoas. Sabe o radialista que tem direitos de sobra de requisitar na justiça o cumprimento de seus proventos pela empresa, mas resiste em não apelar para a lei. Prefere esperar que a empresa reconheça suas necessidades e efetue os pagamentos dos salários atrasados. Ironia é saber que ele sempre conviveu com esta ação nefasta (atraso de pagamento), mas nunca é tarde para mencionar que está vivendo uma das fases mais delicadas no tratamento de saúde, precisa de dinheiro para comprar os medicamentos, e este é o momento em que mais necessita receber os salários que já ganhou com seu trabalho.
Prestes a completar 35 anos de carreira no rádio, Hugo Gouveia recebe homenagens de todos os colegas, pela passagem do Dia do Radialista, comemorado em, 07 de novembro, conforme lei aprovada no Congresso e sancionada pelo ex-presidente Lula.
Trajetória no rádio
Hugo Gouveia começou sua carreira no rádio em 1977, na antiga Rádio Iracema, em Iguatu. Depois esteve em Brasília onde estagiou na Rádio Capital e voltou a Iguatu contratado pela Rádio Jornal Centro Sul. Neste período viajou até o município de Codó, no Estado do Maranhão onde trabalhou na Rádio Mirante, depois retornou novamente a Iguatu e continuou trabalhando na Rádio Jornal. Em 1998, foi contratado pela Rádio Lajes FM, em Acopiara, onde trabalhou por um ano, depois foi contratado pela Rádio Vale do Quincoê AM, tendo se afastado há cerca de seis meses para iniciar o tratamento contra o câncer. Quando descobriu que estava com a doença, o radialista também estava trabalhando na Rádio Jornal. Ele cumpria longas jornadas no rádio. Trabalhava na Rádio Vale pela manhã, em Acopiara, e à noite na Rádio Jornal em Iguatu. Atualmente o radialista está em regime de licença das duas emissoras para fazer o tratamento de saúde contra o câncer.
Jota Guedes/ Jornal A Praça
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