domingo, 13 de novembro de 2011

UM DOS PMS QUE RECUSOU R$ 1 MILHÃO DE NEM, MORA EM CASA ALUGADA, NO SUBÚRBIO DO RIO.


Quando foi preso, na madrugada de quinta-feira, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico de drogas da Rocinha, ofereceu R$ 1 milhão de reais para que os policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar dessem a liberdade a ele. Corromper policiais era uma prática corriqueira para Nem, que repassava metade de seu faturamento para a banda podre das polícias Civil e Militar do Rio. Naquela madrugada, entretanto, Nem tentou subornar os policiais errados.

Um dos homens que recebeu a oferta de Nem foi o cabo André Souza, de 39 anos, que há nove anos é PM. Nesta sexta-feira, o jornal O Dia, do Rio, mostra que Souza vive em uma casa humilde, alugada no subúrbio do Rio e que precisaria trabalhar 44 anos seguidos sem gastar nada para juntar o R$ 1 milhão oferecido por Nem. Para Souza e seus colegas, essa condição não foi suficiente para corrompê-los.
“Me deu muita raiva. Estavam nos comparando aos policiais que foram presos horas antes, dando cobertura na fuga de traficantes. Mas ofereceram dinheiro aos caras errados, não é isso que vai pagar a nossa dignidade”, desabafou o cabo, que não tem carro e vai trabalhar de carona ou trem. (…) Acostumado com o pouco ‘glamour’ da profissão, Souza só entendeu a dimensão de prender o traficante mais importante do Rio ao chegar no quartel, na manhã desta sexta-feira. Recebido aos gritos de ‘parabéns’ e pela euforia da equipe, o militar diz que a maior recompensa é o reconhecimento da família e dos amigos. “Minha mulher ligou e disse que tem orgulho de mim, que sou o herói dela. Isso vale muito mais que R$ 1 milhão”.

O Bom Dia Brasil, da TV Globo, conversou com um outro PM que recusou a oferta de Nem. É o tenente Disraeli Gomes (foto), de 32 anos, que tem três filhos e conta por que recusou a oferta: [Quem tenta comprar a minha honra] não sabe o perigo que está correndo, não sabe até onde eu posso ir para defender a minha honra. De forma alguma… eu não teria coragem de encarar um familiar meu, meu pai, meus filhos, depois de praticar uma ação dessas. (…) [Para chegar em casa] vou levar mais uma hora e dez de trem, mais vinte minutos andando… mas vai ser bom, né? Poder deitar na minha cama com o sentimento de dever cumprido.

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