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Somente este ano (entre 1º de janeiro e 15 de outubro), 3.890 celulares foram apreendidos nas penitenciárias e cadeias públicas do Ceará, uma média de 13 por dia. Durante todo o ano passado, o volume de apreensões chegou a 4.412 celulares (média diária de 12 aparelhos). Os dados são da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).
A entrada de celulares em presídios tem permitido a comunicação entre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo investigação do Ministério Público de São Paulo, divulgada este mês. Somente no Ceará, seriam 120 membros da facção criminosa.
Fragilidade
O volume de apreensões revela um cenário de fragilidade na segurança dos centros de detenção do Estado. Impressiona a quantidade dos equipamentos de comunicação que circulam entre os presos. Apenas no mês de fevereiro, por exemplo, 1.035 aparelhos foram recolhidos pelos agentes penitenciários.
A Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Luciano Andrade Lima (CPPL I), em Itaitinga, lidera as estatísticas e desponta como a unidade onde mais se apreendeu celulares este ano, com 870 casos. Em seguida está a Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo (PFHVA), em Pacatuba, com 619 aparelhos recolhidos. Já na Casa de Privação Provisória de Liberdade Desembargador Francisco Adalberto de Oliveira Barros Leal, a CPPL de Caucaia, 594 celulares foram tomados dos detentos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema Penitenciário do Ceará (Sindasp-CE), Valdemiro Barbosa, a facilidade com que os equipamentos chegam aos detentos se deve à falta de fiscalização, deficiência de efetivo e falta de equipamento de trabalho dos servidores.
“Existem unidades hoje que abrigam 1.300 presos, mas contam com apenas 15 agentes por equipe, realizando a segurança do prédio. Tem presídio que dispõe de 15 guaritas, mas somente duas ocupadas por policiais. O cara vem de fora e joga o aparelho pra dentro na maior facilidade do mundo. Depois, o preso vai lá e busca”, disse o presidente.
Ainda conforme o sindicalista, equipamentos como o de “raios x” e body scanner, usados nas revistas feitas aos visitantes, carecem de manutenção. “Infelizmente, o Estado compra os aparelhos, mas não dá manutenção. Quando os aparelhos quebram, ficam encostados. Daí acontece de quatro agentes terem que fazer a vistoria em 700 pessoas, como ocorre no presídio feminino Auri Moura Costa”, disse.
As vistorias são programadas pela Coordenadoria do Sistema Penal (Cosipe), através do Núcleo de Segurança e Disciplina (Nused), que tem acompanhado de perto o trabalho dos agentes penitenciários. Durante as inspeções, além dos celulares, também são encontrados cadernos de anotações, chips, baterias, drogas e armas artesanais.
Números
870 é o número de celulares apreendidos somente na CPPL I
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