sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Menino é agredido pelo irmão por ter ficado de recuperação na escola

O menino diz ter sido agredido pelo próprio irmão em São João de Meriti Foto: Cléber Júnior / Extra
Em São João de Meriti, um menor de 14 anos afirma ter sido agredido pelo próprio irmão, de 29, por ter ficado de recuperação na escola. Com várias marcas pelo corpo, X., aluno do 7 ano, conta que o irmão, professor de informática, usou uma borracha e até um fio para agredi-lo. O caso ocorreu no bairro Jardim Metrópole, na terça-feira. O menino procurou por conta própria o Conselho Tutelar, que o encaminhou para a 64 DP (São João de Meriti).
O menor disse ainda que, apesar de morar apenas com a mãe, o irmão costuma ir até a sua casa para agredi-lo:
— Há um mês, ele me bateu com uma fivela porque fiz bagunça na escola, mas não contei nada ao meu pai para não ter confusão. Dessa vez, decidi procurar o conselho (Conselho Tutelar) porque ele me feriu no rosto.
Segundo X., a própria mãe não teria feito nada para conter a agressão e teria até passado o fio para o irmão.
Após a agressão, a mãe do adolescente foi levada pelo irmão mais velho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Lafaiete, em Duque de Caxias. Já o menor foi para a casa de uma vizinha, onde passou a noite. Na manhã de quarta-feira, X. foi sozinho ao Conselho Tutelar de São João de Meriti.
— O que mais fico triste é ele dizer que bati nele, que faço caratê. Ele tem 29 anos, também já fez caratê e é maior do que eu. Como vou bater nele? Pensei que gostasse de mim — disse ele. — Eu me sinto triste, machucado. As pessoas ficam me olhando com pena.
O caso foi registrado na noite de quarta-feira na 64 DP (Meriti). Em depoimento, a mãe do adolescente negou que tenha dado o fio ao filho mais velho e que o menino tenha sido agredido com o material. Ela contou que, ao chegar em casa com o filho mais velho, perguntou ao adolescente o motivo de ele não estar estudando para a prova de recuperação. Ela pediu que o filho mais velho conversasse com o menor, mas eles teriam iniciado uma discussão. Ela relatou ainda que, ao entrar no quarto, viu X. sobre a cama dando chutes no irmão que, para tentar se defender, deu tapas no menor. Ela tentou apartar a briga e começou a passar mal.
X. passou a madrugada de ontem num abrigo em São João de Meriti. Em seguida, voltou ao Conselho Tutelar para fazer avaliação psicológica. O pai do menor também esteve no local, mas não quis dar entrevistas. No fim da tarde, a Justiça decidiu que o menino deveria viver com ele, que mora em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio.
— Vamos sugerir que a guarda seja invertida em face do pai — disse o conselheiro Luiz Carlos Vicente de Paula, ainda antes da decisão.
Segundo o delegado Delmir Gouvea, o irmão do adolescente será intimado para prestar depoimento:
— A mãe disse que foi uma briga entre irmãos. Vou esperar o laudo para me pronunciar. Tortura é um crime específico. A princípio está registrado como lesão corporal — explicou o delegado.
X. já conhecia o caminho do Conselho Tutelar, porque havia feito quatro atendimentos no local. A mãe do menor procurou a entidade em busca de ajuda, já que o menino estava apresentando dificuldades na escola:
— Ele (o menino) reconheceu os direitos dele, sentiu-se seguro sabendo que tinha um órgão que poderia acolhê-lo e ajudá-lo — disse o conselheiro Luiz Carlos.
— São inúmeros os casos (de agressão) que ficam ocultos. Temos que expor isso para a sociedade. Estamos juntos à Aceterj (Associação dos Conselhos Tutelares do estado do Rio) pedindo ao governo do estado que venha para cá uma unidade da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) ou da DCAV (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima). Recebemos denúncias aqui no conselho (na Rua Aldenor Ribeiro de Matos, 175), em Vilar dos Teles. Funcionamos de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 18h. O nosso telefone é o 2651-3277.

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