Em São João de Meriti, um menor de 14
anos afirma ter sido agredido pelo próprio irmão, de 29, por ter ficado
de recuperação na escola. Com várias marcas pelo corpo, X., aluno do 7
ano, conta que o irmão, professor de informática, usou uma borracha e
até um fio para agredi-lo. O caso ocorreu no bairro Jardim Metrópole, na
terça-feira. O menino procurou por conta própria o Conselho Tutelar,
que o encaminhou para a 64 DP (São João de Meriti).
O menor disse ainda que, apesar de morar apenas com a mãe, o irmão costuma ir até a sua casa para agredi-lo:
— Há um mês, ele me bateu com uma fivela
porque fiz bagunça na escola, mas não contei nada ao meu pai para não
ter confusão. Dessa vez, decidi procurar o conselho (Conselho Tutelar)
porque ele me feriu no rosto.
Segundo X., a própria mãe não teria feito nada para conter a agressão e teria até passado o fio para o irmão.
Após a agressão, a mãe do adolescente
foi levada pelo irmão mais velho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
do Parque Lafaiete, em Duque de Caxias. Já o menor foi para a casa de
uma vizinha, onde passou a noite. Na manhã de quarta-feira, X. foi
sozinho ao Conselho Tutelar de São João de Meriti.
— O que mais fico triste é ele dizer que
bati nele, que faço caratê. Ele tem 29 anos, também já fez caratê e é
maior do que eu. Como vou bater nele? Pensei que gostasse de mim — disse
ele. — Eu me sinto triste, machucado. As pessoas ficam me olhando com
pena.
O caso foi registrado na noite de
quarta-feira na 64 DP (Meriti). Em depoimento, a mãe do adolescente
negou que tenha dado o fio ao filho mais velho e que o menino tenha sido
agredido com o material. Ela contou que, ao chegar em casa com o filho
mais velho, perguntou ao adolescente o motivo de ele não estar estudando
para a prova de recuperação. Ela pediu que o filho mais velho
conversasse com o menor, mas eles teriam iniciado uma discussão. Ela
relatou ainda que, ao entrar no quarto, viu X. sobre a cama dando chutes
no irmão que, para tentar se defender, deu tapas no menor. Ela tentou
apartar a briga e começou a passar mal.
X. passou a madrugada de ontem num
abrigo em São João de Meriti. Em seguida, voltou ao Conselho Tutelar
para fazer avaliação psicológica. O pai do menor também esteve no local,
mas não quis dar entrevistas. No fim da tarde, a Justiça decidiu que o
menino deveria viver com ele, que mora em Brás de Pina, na Zona Norte do
Rio.
— Vamos sugerir que a guarda seja
invertida em face do pai — disse o conselheiro Luiz Carlos Vicente de
Paula, ainda antes da decisão.
Segundo o delegado Delmir Gouvea, o irmão do adolescente será intimado para prestar depoimento:
— A mãe disse que foi uma briga entre
irmãos. Vou esperar o laudo para me pronunciar. Tortura é um crime
específico. A princípio está registrado como lesão corporal — explicou o
delegado.
X. já conhecia o caminho do Conselho
Tutelar, porque havia feito quatro atendimentos no local. A mãe do menor
procurou a entidade em busca de ajuda, já que o menino estava
apresentando dificuldades na escola:
— Ele (o menino) reconheceu os direitos
dele, sentiu-se seguro sabendo que tinha um órgão que poderia acolhê-lo e
ajudá-lo — disse o conselheiro Luiz Carlos.
— São inúmeros os casos (de agressão)
que ficam ocultos. Temos que expor isso para a sociedade. Estamos juntos
à Aceterj (Associação dos Conselhos Tutelares do estado do Rio) pedindo
ao governo do estado que venha para cá uma unidade da DPCA (Delegacia
de Proteção à Criança e ao Adolescente) ou da DCAV (Delegacia da Criança
e Adolescente Vítima). Recebemos denúncias aqui no conselho (na Rua
Aldenor Ribeiro de Matos, 175), em Vilar dos Teles. Funcionamos de
segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 18h. O nosso telefone é o
2651-3277.
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